Como o mundo é pequeno ou uma inauguração curiosa

Não sei se já contei sobre meus times de botão. Pois bem, qualquer criança normal - e eu não era, e ainda não sou - batizaria seus times com nomes e escudinhos de times de futebol existentes, como Santos, Corinthians, Palmeiras. Mas não eu. Alguém me deu umas figurinhas adesivas com brasões, cuja procedência ignorava, e eu os achava maravilhosos. Assim, batizei meus times com nomes tirados de quatro brasões, Silkeborg, Lemvig, Zillertal e Torkenstad.

Meus times não eram lá grande coisa, perdiam quase sempre, mas o Silkeborg tinha um artilheiro, o Simpático, que na última contagem superava 700 gols. Era um botão daqueles mais humildes e simples, mas por uma razão ou outra, marcava (e perdia) muitos gols.
Quem diria que um dia um piloto dinamarquês, o Tom Kristensen, se tornaria o maior vencedor de Le Mans. E um conterrâneo, Jan Magnussen, chegou a ser cogitado como futuro campeão de F1. Mas, segundo seu ex-chefe Jackie Stewart, Jan gostava de um cigarrinho e de uma vodca a mais, e não tinha futuro na F1.

Na realidade, a Dinamarca nunca teve muita tradição no automobilismo, as corridas eram raras no país, mas em 1968 foi inaugurado um autódromo por aquelas bandas - o Jyllandsring. Acreditem ou não, a pista fica próxima justamente da minha amada Silkeborg! O mundo realmente é pequeno.

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A inauguração oficial do pequeno autódromo - de 1,45 km na configuração original - foi um tanto curiosa. Os convidados foram, em grande parte pilotos ingleses, munidos de carros esporte. Entre outros, havia uma Lola T70 e um Chevron com motor Repco de F1, da equipe Woolfe, mas ambos carros falharam. Assim, a corrida foi dominada por carros de 2 litros, a maioria Chevrons.


O Chevron do vencedor Barry Smith

Houve um certo burburinho na largada. Era 1968, o país era a Dinamarca. E em cima do carro madrinha, havia uma moça de topless! Isso mesmo, acho que o Schumi não tinha nem nascido e já tinha uma "babe" com as mamárias expostas numa corrida dinamarquesa. Permitam-me a liberdade poética, estou obviamente presumindo que a moça era uma loiríssima beldade nórdica, e não um bacurau bêbado. A inglesada deve ter se chocado um pouco, mas era verão (agosto), afinal de contas.

O mais curioso mesmo foi a configuração da corrida. Teve cinco baterias, duas no sábado e três no domingo. Leram certo, cinco baterias, que certamente confundiram bastante a plateia não muito acostumada a seguir corridas.

No fim das contas o vencedor deste Grande Prêmio da Dinamarca foi o desconhecido Barrie Smith, com um Chevron, que participava da sua primeira corrida internacional. Barrie ganhou somente uma bateria do sábado, mas levou o caneco.

O automobilismo europeu também tinha das suas nos anos 60...

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